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Empréstimo consignado para CLT agora é possível, mas vale a pena?

Trabalhadores com carteira assinada poderão contratar o novo crédito consignado. Essa modalidade permite o desconto das parcelas diretamente na folha de pagamento e, segundo o governo federal, pode beneficiar até 47 milhões de trabalhadores formais, incluindo empregados domésticos e trabalhadores rurais.


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"Além dos trabalhadores, a nova modalidade de crédito também pode impactar empresas e profissionais de contabilidade."


O principal atrativo do crédito consignado para CLT é a taxa de juros reduzida em comparação ao crédito pessoal tradicional. Para garantir essa condição, o trabalhador poderá utilizar parte do saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como garantia. O objetivo da medida, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é permitir que trabalhadores troquem dívidas caras por um crédito mais acessível, reduzindo o risco de superendividamento.


Como funciona o crédito consignado para CLT


A solicitação do empréstimo será feita pelo aplicativo da Carteira de Trabalho Digital (CTPS Digital). O trabalhador precisará autorizar o compartilhamento de informações com as instituições financeiras habilitadas pelo Ministério do Trabalho. Entre os dados acessados estão nome, CPF, margem consignável do salário e tempo de empresa.

As instituições bancárias terão até 24 horas para apresentar ofertas de crédito, permitindo que o trabalhador compare as condições e escolha a melhor opção. Alguns pontos importantes dessa modalidade incluem:

  • O valor das prestações não pode ultrapassar 35% do salário do trabalhador, e o desconto é feito diretamente na folha de pagamento via e-Social.

  • Até 10% do saldo disponível no FGTS pode ser usado como garantia, além de 100% da multa rescisória em caso de demissão.

  • Se o trabalhador for desligado antes de quitar a dívida, o valor será abatido das verbas rescisórias, respeitando o limite legal.


Vale a pena contratar o consignado?


Apesar das vantagens divulgadas pelo governo, especialistas alertam para os riscos do crédito consignado. O contador Douglas Minotto destaca que o acesso facilitado ao crédito pode levar ao endividamento descontrolado se o trabalhador não tiver um bom planejamento financeiro.


Ele afirma que o crédito pode ser vantajoso para quem pretende utilizá-lo de forma estratégica, mas adverte sobre os perigos do consumo impulsivo. Como o desconto é feito diretamente na folha de pagamento, a falta de planejamento pode comprometer parte do salário, dificultando o pagamento de outras despesas essenciais.

Outro ponto de preocupação é a utilização do FGTS como garantia. Segundo Minotto, essa decisão pode comprometer a segurança financeira do trabalhador a longo prazo.

Ele argumenta que o governo está permitindo o uso de um dinheiro que pertence ao trabalhador para oferecer um crédito com juros elevados, que podem chegar a 20% ao ano. Para ele, liberar diretamente o FGTS poderia ser uma alternativa mais vantajosa para reduzir o endividamento.


Além disso, a medida pode ter impactos na economia. O Banco Central, em um esforço para conter a inflação, elevou recentemente a taxa Selic para 14,25% ao ano. O aumento dos juros tem como objetivo reduzir o consumo e controlar a inflação. No entanto, ao facilitar o crédito, o governo segue em uma direção oposta, o que pode gerar desequilíbrios no mercado financeiro.


Impactos para empresas e contadores


Além dos trabalhadores, a nova modalidade de crédito também pode impactar empresas e profissionais de contabilidade. Como as parcelas do empréstimo serão descontadas diretamente na folha de pagamento, será necessário um maior controle por parte do setor de Recursos Humanos e da contabilidade.

Minotto destaca que a mudança pode gerar dificuldades na gestão financeira das empresas, pois os sistemas ainda não estão totalmente adaptados para esse tipo de desconto. Além disso, há a possibilidade de o funcionário contratar o empréstimo sem informar a empresa, tornando mais difícil o controle dos pagamentos.


Por fim, o especialista reforça que, embora o programa tenha sido criado para facilitar o acesso ao crédito e reduzir o superendividamento, é essencial que os trabalhadores analisem cuidadosamente se realmente precisam do empréstimo. A recomendação é que qualquer decisão seja tomada com planejamento financeiro, evitando comprometer a renda futura.

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